Para a linguagem necessária

Curadoria:
Hugo Barata | João Paulo Serafim | Luís Alegre | Orlando Franco | Paulo T. Silva | Rodrigo Peixoto

Artistas participantes:

Finalistas das licenciaturas em Design de Comunicação (DELLI) e Fotografia (Fo:RCE) da Universidade Lusófona (Lisboa)

Tomar conta daquilo que importa, ou o ensino como cuidado

Para dizer o que resta
ou o que falta de súbito,
o que nos faz continuar,
água livre.

António Ramos Rosa «Ocupação do Espaço» Coleção Poetas Hoje, Portugália Editora, Lisboa, 1963.

Em tempos cada vez mais marcados pelo rápido avanço tecnológico, agitação sociopolítica e crise ambiental, o conceito de cuidado emergiu como uma estrutura vital para repensar a forma como nos relacionamos uns com os outros, com as nossas comunidades e com o planeta. As “políticas do cuidado”, procuram explorar a natureza multifacetada do conceito de care/caring como um ato profundamente pessoal e intrinsecamente político, desenhando manifestações possíveis no campo artístico, mas também no campo académico.

O cuidado, muitas vezes descartado como uma resposta passiva ou puramente emocional/emotiva, pode ser entendido, ao contrário, como uma força radical e transformadora – um modo de resistência contra o abandono sistémico, a desigualdade e a desconexão. Esta perspetiva inspira-se significativamente em vários trabalhos e propostas (de artistas, filósofos, académicos, educadores, etc.), da crítica cultural à filosofia, que enfatizam a importância do cuidado como ato político.